A Cidade de Nazaré da Mata faz parte da história do turfe pernambucano

 

 

Pouca gente sabe, mas a Cidade de Nazaré da Mata localizada a 90 Km da cidade Recife já teve um Jockey que era conhecido como o PRADO NAZARENO.

Esse grande achado nos foi trazido por Leonardo Uchôa, Stud C.M.L., através do livro “Histórias da Mata Norte de Itamar de Abreu Vasconcelos“. O mais interessante nessa descoberta é que, o Prado Nazareno não era uma cancha reta como os prados que temos em algumas cidades do interior de Pernambuco, assim como das Cidades de Caruaru, Cachoeirinha e outros prados voltados para animais da raça Quarto de Milha que disputa corridas de 320 a 400 metros.

Os páreos no Prado Nazareno eram disputados em varias distancias de 400 a 1.600 metros.

A seguir o texto do livro Historia da Mata Norte que descreve as atividades do Prado Nazareno como era conhecido na região da zona da mata e a programação de uma das reuniões turfísticas.

 

O Prado Nazareno

Nos anos trinta do século passado, o divertimento preferido da sociedade nazarena, nas tardes de domingo, era assistir as corridas de cavalo no Prado, localizado junto à cidade, em terras do Engenho Babilônia, pertencente na época, ao Senhor Arquimedes Bandeira de Melo, filho do Dr. Herculano Bandeira que foi governador de Pernambuco.

Junto a pista de corridas ficavam estacionados automóveis, com as capotas arriadas, para facilitar a visão das senhoras e senhoritas que preferiam ficar sentadas, comodamente nos carros.

Os rapazes e senhores preferiam sair dos automóveis e perto das pistas, alguns com binóculos, acompanhavam a largada e as corridas dos cavalos preferidos.

Os proprietários dos cavalos residiam em Nazaré, sendo a maioria constituída por senhores de engenho.

Vou transcrever o programa das corridas do dia 10 de dezembro de 1933.

1º Páreo 800 metros.

Nº  –  nome do cavalo – Cor do animal

1- Periquito  –                rodado

2- Mistério   –                castanho

3- Pompéia   –                castanho

4- Tijuca       –               castanho

 

2º Páreo 1000 metros.

1- Luminar                    rodado

2- Manda Serra             alazão

3- Nortista                    castanho

4- Bico Branco             rodado

 

3º páreo – 1.100 metros

1- Carbotan                 Russo

2- Domino                   castanho

3- Aviador                   alazão

 

4º páreo – 1.400 metros.

1- Princesa                 preta

2- Catandira               alazão

3º Odalisca                 rodada

4- bem-te-vi               castanho

5º páreo – 1.600 metros.

1- Galego                   pedrez

2- Pontiguar               castanho

3- Imperador              castanho

4- Pitada                     rodado

Páreo Extra 1.400 metros.

1- luminar                  rodado

2- Cabotan                 russo.

Havia uma casa de aposta no prado, que registrava um bom movimento. Os apostadores tinham lucros e perdas todos os domingos.

O meu Genitor, Domingos de Abreu Azevedo Vasconcelos, médico em Nazaré e senhor do Engenho Veludo, foi proprietário de duas éguas, que corriam no prado nazareno. Chamavam-se Catandira e Ipiranga.

A revista Poliantéia, comemorativa do 1º Centenário de Emancipação política de Nazaré, registra a existência do Prado Nazareno, tendo como presidente o Dr. Domingos de Abreu Azevedo Vasconcelos.

A cidade de Nazaré da Mata hoje é mais conhecida pelo folclore. Festa do Maracatu, caboclo de lança e a produção da cana de açúcar.